02 de Fev de 2022 - 3 min

PIPAC em debate no Simpósio de Doenças Malignas Peritoneais

Especialistas discutem curva de aprendizado, benefícios e estudos recentes sobre esta cirurgia minimamente invasiva que inclui a aplicação de quimioterapia em aerossol
PIPAC em debate no Simpósio de Doenças Malignas Peritoneais

A PIPAC é uma cirurgia minimamente invasiva, na qual um spray de quimioterápicos é aplicado, por laparoscopia, com o objetivo de penetrar mais profundamente nos tecidos. Este spray potencializa os efeitos da quimioterapia, oferecendo baixa morbidade, recuperação rápida e possibilidade de procedimentos repetidos.

Utilizada pela primeira vez no Brasil em 2017, a técnica pode ser vista nos principais centros de referência, sempre envolvendo profissionais especializados, pois requer não apenas treinamento específico, mas também todo um preparo do local.

Durante o Simpósio de Doenças Malignas Peritoneais, o cirurgião geral e oncológico Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, que trouxe a técnica para São Paulo em 2018, abordou o tema em conversa com o convidado internacional Dr. Xavier Delgadillo, fundador e diretor científico dos Laboratórios BioTech, na Suíça.

Dr. Arnaldo, que é coordenador do Centro de Doenças Peritoneais da Beneficência Portuguesa de São Paulo - BP, questionou sobre qual a experiência necessária ao cirurgião para passar da curva de aprendizado.

Segundo o Dr. Xavier Delgadillo, a curva de aprendizado não é um procedimento fácil. Por este motivo, a sociedade internacional sugere, neste caso, que um treinamento e uma certificação em um Centro de Referência são importantes antes que se realizar a PIPAC. Depois de concluídas estas etapas, dependendo do histórico do cirurgião, em pouco tempo ele estará apto a realizar o procedimento.

Outro ponto abordado no evento foi a utilização da PIPAC no contexto paliativo, em caso de ascite, em busca de oferecer melhor qualidade de vida ao paciente.

“A dica mais importante é selecionar o paciente, atenção ao aplicar a PIPAC e realizar um bom procedimento em termos de expectativa de qualidade de vida”, declarou o Dr. Delgadillo. Segundo o especialista, a PIPAC age diretamente na membrana e, de acordo com a porosidade do peritônio, reduz a produção da ascite”, explicou.

Ao final da conversa, o Dr. Delgadillo comentou os recentes estudos sobre o tema e se mostrou bastante otimista com os resultados que já vem sendo divulgados. Para assistir, acesse o nosso Canal do Youtube ou o perfil do Instagram.

 

A PIPAC NO BRASIL

A PIPAC surgiu no Brasil em 2017, em Porto Alegre, no dia 12 de dezembro. Quase um ano depois, no dia 5 de novembro de 2018, foi realizada pela segunda vez, desta vez em São Paulo, no Hospital BP Mirante, em um procedimento que durou cerca de três horas e envolveu 40 profissionais, liderados pelo Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em doenças do peritônio, coordenador do Centro de Carcinomatose Peritoneal.

Antes da realização do procedimento, a sala de cirurgia recebeu algumas adaptações para garantir a segurança do paciente e de todos os profissionais envolvidos. Para isso, são necessários pressão negativa, ventilação de fluxo de ar unidirecional e portas de vedação hermética.

É também importante garantir que a monitorização do paciente seja visível de fora da sala de cirurgia, de onde será controlado todo o procedimento.

Durante a preparação do agente quimioterápico e após a aplicação do aerossol, todos os profissionais participantes do processo utilizaram aventais impermeáveis descartáveis, óculos fechados e respiradores com um filtro específico.

Após finalizado, todos os suprimentos localizados no campo cirúrgico foram descartados, seguindo o procedimento de descarte rotineiro de materiais contaminados do hospital. 


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