Pacientes oncológicos obtém importante vitória no SUS: aprovado o uso de HIPEC
Foi aprovada na última
semana a incorporação da cirurgia de citorredução com quimioterapia
intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) em pacientes com Mesotelioma Peritoneal
Maligno (MPM) e Pseudomixoma Peritoneal (PMP) no SUS pela Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC).
A aprovação aconteceu
após um longo processo, que incluiu uma consulta pública realizada em novembro
de 2021.
“É uma grande vitória essa aprovação no SUS, um avanço na saúde
pública do país. Com a inclusão, pacientes com estas doenças que não possuem
plano de saúde ou condições para arcar com os custos deste tratamento, agora
terão acesso”, afirma Dr. Arnaldo Urbano Ruiz,
cirurgião geral e oncológico, coordenador do Centro de Doenças
Peritoneais da Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP.
De acordo com o
protocolo aprovado, a realização da cirurgia de citorredução com HIPEC no
âmbito do SUS poderá ser realizada nas unidades de saúde que disponham de
capacidade de monitoramento adequado dos pacientes tratados, visto que se trata
de um procedimento complexo, com necessidade de envolvimento de vários setores
hospitalares e, principalmente, pelo risco considerável de morbidade e
mortalidade.
Assim, a resolução
destaca que o serviço deverá viabilizar os meios necessários, incluindo equipe
multiprofissional formada por cirurgiões oncologistas especialistas no
procedimento, além dos demais profissionais envolvidos no tratamento, tais como
oncologista clínico, patologista, anestesista com expertise em cirurgias
oncológicas avançadas; radiologista intervencionista; endoscopistas, entre
outros.
HIPEC
A quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) é
uma técnica de quimioterapia quente no abdome no intra-operatório, que teve
início na década de 1980, desenvolvida pelo cirurgião norte-americano Dr. Paul
H. Sugarbaker.
De acordo com o Dr. Arnaldo Urbano, o procedimento é
realizado em associação com a cirurgia de citorredução (CRS) e representa um
grande avanço no prognóstico e sobrevida dos doentes acometidos por tumores
abdomino-pélvicos que evoluíram para a carcinomatose peritoneal.
“Com a administração de HIPEC, são conseguidas
concentrações muito superiores de quimioterápico na superfície peritoneal do
que quando o tratamento é administrado de forma sistêmica, endovenosa”, explica.
A HIPEC consiste numa perfusão uniforme e em grande
concentração de quimioterápicos na cavidade peritoneal, cuja ação é
potencializada pelo calor de 41°C a 43°C por 30 a 90 minutos (a depender dos
quimioterápicos usados), de forma a erradicar a doença microscópica residual e
consolidar os resultados obtidos.
“Esta técnica vem permitindo a muitos pacientes a cura
da carcinomatose, ou proporcionando sobrevidas muito mais longas”, conclui.