15 de Mar de 2022 - 2 min
Na saúde e na doença? Estudo revela que não é bem assim
Um estudo publicado no periódico Journal of Health and Social Behavior analisou as consequências de alguns problemas graves de saúde em um dos parceiros na relação de um casal.
Diversos
estudos já foram realizados sobre o tema, mas poucos trabalhos examinaram o
impacto destas questões sobre o risco de dissolução conjugal. Desta vez, no
estudo In
Sickness and in Health? Physical Illness as a Risk Factor for Marital
Dissolution in Later Life, dos pesquisadores Amelia Karraker, do Departamento
de Desenvolvimento Humano e Estudos da Família, da Iowa State University, e Kenzie
Latham, do Departamento de Sociologia, da Indiana University-Purdue University,
em Indianápolis, ambos nos Estados Unidos, analisou uma amostra de 2.701
casamentos do Health and Retirement Study, entre 1992 e 2010.
O estudo examinou
o impacto do início de doenças como câncer, problemas cardíacos, doenças
pulmonares e AVC em uma separação, divórcio ou viuvez. As avaliações foram
realizadas separadamente considerando o impacto do início da doença física do
marido e da esposa. Ao final do período de quase duas décadas, 32% dos
casamentos avaliados havia passado por uma separação, divórcio ou viuvez.
Para o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico, coordenador do
Centro de Doenças Peritoneais da Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP, um
tratamento oncológico, que muitas vezes requer cirurgias de alta complexidade e
sessões de quimioterapia, é um processo bastante desgastante. Atravessar este
processo em meio a problemas no relacionamento ou um processo de divórcio
certamente não é o cenário mais indicado.
“O apoio familiar é fundamental quando a
pessoa está doente em qualquer situação, e em oncologia não é diferente.”
Diferença
entre gêneros
Segundo os
pesquisadores, a doença da esposa está associada a risco elevado de divórcio,
ao contrário da doença no marido.
Esta variação
por gênero é consistente com a crescente vantagem desfrutada pelos homens nos
mercados de recasamento ao longo da vida, além do possível fato dos maridos
acharem que cuidar da parceira doente é muito estressante.
A importância
da saúde na vida conjugal
De acordo
com os pesquisadores, os resultados sugerem que os cuidados com a saúde são determinantes
na vida conjugal. Já se sabia que divórcio e viuvez eram precursores de
declínios na saúde física e mental.
No entanto, o caminho inverso também
parece ser verdadeiro: a doença física também pode aumentar o risco de divórcio
por meio de processos sociais, operando como um estressor no relacionamento
conjugal, reduzindo a qualidade conjugal.
A doença pode desencadear
mudanças nos papéis dos cônjuges, aumentando as responsabilidades ao determinar
que o cônjuge saudável seja sobrecarregado na dinâmica do relacionamento
conjugal.
Outra questão
importante apontada no estudo é a frequente redução da renda familiar
relacionada à doença, devido à incapacidade de um ou de ambos os cônjuges seguirem
trabalhando, o que também pode levar à tensão conjugal.