O câncer de peritônio que vitimou Dudu Braga
Aos 52 anos, o produtor musical estava em tratamento contra a
doença que atinge a parte interna da cavidade abdominal e recobre
órgãos como o estômago e os intestinos, reto, bexiga e útero. Toda essa camada
é rica em vasos do sistema linfático, que funcionam como sistema de defesa do
organismo.
“O câncer de peritônio é classificado em
carcinoma primário de peritônio e mesotelioma, quando
se origina no próprio peritônio. São, no entanto, considerados raros”, explica
o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião geral e oncológico, coordenador do Centro
de Doenças Peritoneais do Hospital BP, Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Não foi o caso de Dudu Braga, que teve o diagnóstico
pela primeira vez em 2019, de um câncer de pâncreas.
“Neste caso, a doença é denominada secundária, pois
foi iniciada em algum órgão da região. Além do pâncreas, o câncer de peritônio
pode ter início no cólon, ovário, útero, apêndice, estômago, intestino, mama ou
endométrio, para então se disseminar para outros órgãos”, explica o
especialista.
Sintomas
Segundo o Dr. Arnaldo, o câncer do peritônio pode ser totalmente assintomático. No entanto, dor abdominal, diarreia, náuseas, aumento da circunferência abdominal, ascite (fluído no abdômen), febre, perda de peso, fadiga, perda de apetite, anemia e distúrbios digestivos podem indicar a doença.
“Na presença de um ou mais dos sintomas descritos, é
muito importante procurar um médico para um diagnóstico preciso.”
Tratamento
O
tratamento para um câncer varia muito conforme a localização do tumor, o estado
de saúde do paciente e, também, o tempo decorrido entre o início da doença e o
diagnóstico.
A cirurgia
é uma das possibilidades, que será avaliada pelo médico conforme cada caso. Sua
complexidade varia, e pode ser alta em casos como o da carcinomatose
peritoneal. Neste caso, a cirurgia é extremamente agressiva e de alta
complexidade, comparada a transplantes de órgãos.
Para a
carcinomatose peritoneal é realizada a cirurgia de peritoniectomia (ou cirurgia
citorredutora), com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC). O
procedimento consiste em retirar todo o peritônio doente e, se necessário,
retirar outros órgãos e aplicar quimioterapia.
Alguns casos de câncer de cólon e estômago, pseudomixoma
peritoneal, câncer primário de peritônio e ovário também podem ser tratados com
essa técnica.
De acordo com o sítio primário de origem da carcinomatose, é
realizada a cirurgia citorredutora e HIPEC. Porém, há casos em que apenas há
indicação de cirurgia citorredutora sem HIPEC.
“Seja qual
for o tratamento indicado pelo médico, é importante que seja realizado em
centros com experiência nos procedimentos, localizados em hospitais
referenciados, com uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para
estas situações. Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são
necessários, na equipe, cirurgiões, cardiologistas, clínicos, instrumentadores,
anestesiologistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos preparados e habilitados
para cuidar destes pacientes”, explica Dr. Arnaldo.