PIPAC em debate no Simpósio de Doenças Malignas Peritoneais
A PIPAC é uma cirurgia minimamente invasiva, na qual um
spray de quimioterápicos é aplicado, por laparoscopia, com o objetivo de
penetrar mais profundamente nos tecidos. Este spray potencializa os efeitos da
quimioterapia, oferecendo baixa morbidade, recuperação rápida e possibilidade
de procedimentos repetidos.
Utilizada pela primeira vez no Brasil em 2017, a técnica
pode ser vista nos principais centros de referência, sempre envolvendo
profissionais especializados, pois requer não apenas treinamento específico,
mas também todo um preparo do local.
Durante o Simpósio de Doenças Malignas Peritoneais, o
cirurgião geral e oncológico Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, que trouxe a técnica para
São Paulo em 2018, abordou o tema em conversa com o convidado internacional Dr.
Xavier Delgadillo, fundador e diretor científico dos Laboratórios BioTech, na
Suíça.
Dr. Arnaldo, que é coordenador do Centro de Doenças Peritoneais
da Beneficência Portuguesa de São Paulo - BP, questionou sobre qual a
experiência necessária ao cirurgião para passar da curva de aprendizado.
Segundo o Dr. Xavier Delgadillo, a curva de aprendizado não
é um procedimento fácil. Por este motivo, a sociedade internacional sugere,
neste caso, que um treinamento e uma certificação em um Centro de Referência
são importantes antes que se realizar a PIPAC. Depois de concluídas estas
etapas, dependendo do histórico do cirurgião, em pouco tempo ele estará apto a
realizar o procedimento.
Outro ponto abordado no evento foi a utilização da PIPAC no
contexto paliativo, em caso de ascite, em busca de oferecer melhor qualidade de
vida ao paciente.
“A dica mais importante é selecionar o paciente, atenção ao
aplicar a PIPAC e realizar um bom procedimento em termos de expectativa de
qualidade de vida”, declarou o Dr. Delgadillo. Segundo o especialista, a PIPAC age
diretamente na membrana e, de acordo com a porosidade do peritônio, reduz a
produção da ascite”, explicou.
Ao final da conversa, o Dr. Delgadillo comentou os recentes
estudos sobre o tema e se mostrou bastante otimista com os resultados que já
vem sendo divulgados. Para assistir, acesse o nosso Canal do Youtube ou o perfil
do Instagram.
A PIPAC NO BRASIL
A PIPAC surgiu no Brasil em 2017, em Porto Alegre, no dia 12
de dezembro. Quase um ano depois, no dia 5 de novembro de 2018, foi realizada
pela segunda vez, desta vez em São Paulo, no Hospital BP Mirante, em um
procedimento que durou cerca de três horas e envolveu 40 profissionais,
liderados pelo Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico especializado em
doenças do peritônio, coordenador do Centro de Carcinomatose Peritoneal.
Antes da realização do procedimento, a sala de cirurgia
recebeu algumas adaptações para garantir a segurança do paciente e de todos os
profissionais envolvidos. Para isso, são necessários pressão negativa,
ventilação de fluxo de ar unidirecional e portas de vedação hermética.
É também importante garantir que a monitorização do paciente
seja visível de fora da sala de cirurgia, de onde será controlado todo o
procedimento.
Durante a preparação do agente quimioterápico e após a
aplicação do aerossol, todos os profissionais participantes do processo
utilizaram aventais impermeáveis descartáveis, óculos fechados e respiradores
com um filtro específico.
Após finalizado, todos os suprimentos localizados no campo
cirúrgico foram descartados, seguindo o procedimento de descarte rotineiro de
materiais contaminados do hospital.