Novembro: mês de conscientização sobre o Câncer de Pâncreas
No Brasil, o Câncer de Pâncreas
é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer
diagnosticados. De difícil diagnóstico e quase sempre descoberto em estágio avançado,
representa cerca de 4% do total de mortes causadas pela doença, segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Por este motivo, neste mês de Novembro, conhecido como mês de
conscientização sobre o Câncer de Pâncreas, é preciso intensificar as campanhas de divulgação e conscientização sobre a
doença, para que as informações sobre o diagnóstico, prevenção e formas
de tratamento estejam cada vez mais difundidas entre a população.
Recentemente, uma live promovida pelo Centro de
Carcinomatose Peritoneal reuniu especialistas em um importante debate sobre os
avanços e perspectivas sobre o Câncer de Pâncreas no Brasil.
Participaram o cirurgião geral e oncológico Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, coordenador do
Centro de Doenças Peritoneais da Beneficência Portuguesa de São
Paulo – BP, o Dr. Lucas V. dos Santos, médico oncologista clínico da Beneficência Portuguesa de São Paulo – BP, e o Dr. Ronaldo Elias Carnut Rêgo, cirurgião do aparelho
digestivo, membro da Sociedade de Cirurgia do Trato Digestivo e da Associação
Internacional Hepato-Biliar Pancreática.
O diagnóstico da doença
Segundo o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, os tumores de pâncreas mais comuns
são do tipo adenocarcinoma, que se origina no tecido glandular, que
correspondem a cerca de 90% dos casos diagnosticados.
“Estes tumores, em geral, não apresentam
sintomas em sua fase inicial. Por este motivo, o diagnóstico costuma ser tardio, já com a doença em estágio bastante avançado. Esta dificuldade de detecção faz com que a
doença apresente alta taxa de mortalidade”.
“Dois terços dos casos de câncer de pâncreas causam a icterícia, o que geralmente leva o paciente a procurar atendimento medico. Mas conforme a localização do tumor, especialmente se distante do canal da bile, o câncer de pâncreas não causará estes sintomas”.
Atenção para a prevenção
O câncer de pâncreas está aumentando, não apenas no Brasil, mas em
diversos países no mundo, alerta o Dr. Ronaldo.
“Estima-se que até 2040 vai haver um incremento de
30% destes tumores. Por isso, é importante alertar a
população sobre os cuidados e formas de prevenção da doença. Qualquer dor
abdominal acima do umbigo, irradiada para o dorso, com perda de peso, deve ser
investigada. Alem disso, são medidas preventivas para o câncer de pâncreas e
também outras doenças não fumar, manter o peso adequado, ter uma alimentação
equilibrada, evitando alimentos embutidos e processados”, explica o
especialista.
De acordo com o Dr. Ronaldo, é também importante
estar atento a qualquer alteração clínica.
“Estamos atrás daquele grupo de cerca de 30% dos
pacientes de câncer de pâncreas que não apresentarão icterícia. Perda de peso,
dor abdominal, surgimento ou piora de diabetes, pancreatite sem causa aparente
são alguns exemplos”.
Por serem sintomas, em geral, inespecíficos,
muitos dos pacientes serão atendidos primeiramente por médicos generalistas, ou
especialistas de outras áreas. Por este motivos, todos devem estar atentos ao
câncer de pâncreas.
Diagnóstico e avanços
“No caso de pacientes com casos de câncer de
pâncreas em familiares próximos, é importante buscar orientação medica para
avaliar os benefícios do parente fazer a investigação molecular, bem como a
família”, explica o Dr. Lucas.
Atualmente, o especialista revela que um dos
principais avanços na área é a pesquisa de DNA tumoral.
“Estas pesquisas têm se desenvolvido e já vem
sendo comercializadas em kits em algumas
regiões, como nos EUA. Por meio deles, é possível fazer a detecção de um câncer
avançado, mas a capacidade de identificar a doença precoce ainda é baixa”.
O Dr. Lucas acredita que existe potencial para
que, em breve, os testes se desenvolvam e possam ampliar sua capacidade para a
detecção de casos mais precoces, para ser utilizados em consultório.