31 de Out de 2020 - 3 min

SETEMBRO VERDE: Mês de conscientização e prevenção do câncer colorretal

Com o crescimento da incidência em indivíduos com menos de 50 anos de idade, exames devem ser realizados cada vez mais cedo.
SETEMBRO VERDE: Mês de conscientização e prevenção do câncer colorretal
“Perguntem para as pessoas que estão à sua volta quantas já fizeram uma colonoscopia e perceberão que a maioria nunca fez”.

Com este desafio, Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico e coordenador do centro de carcinomatose peritoneal dos hospitais BP e BP Mirante, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca a importância de discutir o câncer colorretal e sua prevenção cada vez mais cedo.

“É importante conscientizar população e profissionais de saúde para a necessidade de incluir a colonoscopia nos exames de rotina ainda antes dos 50 anos de idade”, explica.

Segundo o especialista, a antiga recomendação de iniciar o rastreio da doença aos 50 anos está mudando em virtude da alta incidência da doença em pessoas cada vez mais jovens.

Existem também situações específicas em que as consultas de rotina e a realização de colonoscopia devem iniciar antes, como por exemplo no caso de pacientes com histórico familiar de câncer colorretal hereditário não polipóide familiar (HNPCC), polipose adenomatosa familiar (PAF), entre outras.

“Os hábitos e a vida moderna são os principais fatores para a ocorrência da doença cada vez mais cedo. Sedentarismo, alta ingesta de carnes vermelhas são alguns dos fatores que precisam ser evitados”, alerta o especialista.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), até o final de 2018, estima-se que sejam confirmados mais de 36 mil novos casos. O mais recente registro de mortalidade pela doença é de 2013, com 15.415 mortes, sendo 52% mulheres.

Para o Dr. Arnaldo, estes dados são mais que suficientes para que sejam instituídas políticas de prevenção do câncer colorretal, estimulando a população a realizar a colonoscopia, à exemplo do que acontece com o Papanicolau.

Vale lembrar que, para este ano, a estimativa do INCA de novos casos de câncer de colo de útero é de 16.370, ou seja, menos da metade dos casos de câncer colorretal. A mortalidade é ainda menor, e chega a quase um terço (5.430 em 2013). A queda da mortalidade da doença provavelmente está relacionada ao fato das mulheres estarem melhor informadas, realizando corretamente consultas de rotina e exames preventivos.  

Colonoscopia

O câncer colorretal, em geral, tem evolução lenta. Por isso, a realização da colonoscopia com regularidade é tão importante. O exame é capaz de detectar pólipos ou o câncer ainda em estágio inicial.


“Com o resultado normal, o exame poderá ser repetido a cada três anos, ou conforme orientação do médico. Caso sejam encontrados pólipos, a repetição do exame normalmente é feita após um ano, para comprovar que não nasceram outros pólipos e que aquele pólipo ressecado não voltou.”

No caso de histórico da doença na família, a recomendação é que a primeira colonoscopia seja realizada 10 anos antes do primeiro caso, ou seja, se alguém teve câncer colorretal aos 50 anos, os demais familiares devem realizar o exame a partir dos 40 anos.

“A colonoscopia não é isenta de riscos. Pode haver sangramento ou perfuração de órgãos, por isso, o exame deve ser realizado por profissional especializado, com sedação e preparo intestinal adequado”, alerta o especialista.

Câncer e hereditariedade

Segundo o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, algumas famílias têm predisposição ao câncer colorretal hereditário não polipóide familiar, chamado HNPCC.

“Também conhecido como Síndrome de Lynch, este câncer acomete pequena parcela da população. O médico deve suspeitar quando houver mais de um caso de câncer na família e, principalmente, se acometer pessoas jovens, antes dos 50 anos de idade, que é uma situação considerada infrequente”, explica o Dr. Arnaldo.

Outra doença que merece cuidado é a chamada Polipomatose Adenomatosa Familiar – PAF, que pode ser tanto atenuada como não atenuada.

“Nestes casos, pacientes de uma mesma família são acometidos pelo câncer colorretal associado a muitos pólipos. É uma situação rara, mas que, quando detectada, pode levar o médico a recomendar a cirurgia para a retirada do cólon e, eventualmente, do reto também”, explica.

Nestas situações, é essencial que o médico convoque todos os familiares para que sejam rastreados.


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