31 de Out de 2020 - 3 min

Câncer de ovário: dificuldade de prevenção eleva taxas de mortalidade da doença

Serão mais de 6 mil novos casos neste ano e cerca de 3.800 mortes. Diagnóstico precoce e tratamento com especialistas melhoram prognóstico e aumentam a sobrevida das pacientes.
Câncer de ovário: dificuldade de prevenção eleva taxas de mortalidade da doença

O câncer de ovário ocupa a quinta colocação em mortes por câncer entre as mulheres, com estimativa de 6.150 novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Em 2017, foram 3.879 mortes no país.


Segundo o INCA, o risco de uma mulher desenvolver câncer de ovário é de cerca de uma em 78, em diversas faixas etárias, mas especialmente após os 60 anos.


Existem diversos tipos de afecções malignas no ovário, explica o Dr. Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico do Centro de Carcinomatose Peritoneal, com vários subtipos, diferentes graus de malignidade e prognósticos.


“Para se ter uma ideia, o câncer pode se desenvolver no cordão sexual, nos óvulos, na parte do estroma do ovário, além dos tumores benignos, que também podem ocorrer nesta região.”

Prevenção e diagnóstico


Em geral, não há exames preventivos para o câncer de ovário. Não é como o câncer do colo do útero, para o qual a mulher realiza periodicamente o Papanicolau e consegue detectar precocemente.


“No câncer de ovário isso não ocorre, por isso é muito importante que, caso ocorram sintomas como empachamento, sensação de peso no baixo ventre, dor em cólicas ou sangramento anormal, um médico deve ser consultado, pois através de exame clínico e outros complementares, a doença poderá ser detectada precocemente.”

O Dr. Arnaldo explica que, mesmo frequentando os médicos periodicamente e seguindo suas orientações, muitas vezes não será possível realizar o diagnóstico precoce do câncer de ovário, nem prevenir esta doença.


“Trata-se de um tumor silencioso, que não causa sintomas ou, quando ocorrem, são muito inespecíficos.”

A importância do especialista


O tratamento do câncer de ovário requer uma equipe multidisciplinar, que inclui cirurgião oncológico, ginecologista e oncologista clínico. Somente com a equipe adequada o paciente receberá as melhores orientações sobre o tratamento para o seu caso, que poderá incluir quimioterapia, terapia-alvo, hormonioterapia, imunoterapia e outros.


“No caso do câncer epitelial de ovário, por exemplo, que é o mais comum, é importante que haja a participação de um cirurgião com experiência em cirurgias abdominais, porque quando o câncer se espalha pelo abdômen, ele deixa de ser uma doença ginecológica e passa ser uma doença abdominal. Pode se espalhar, por exemplo, atrás do fígado, no baço, na superfície do estômago, no intestino, nos linfonodos, ou seja, um especialista, acostumado com este tipo de situação, com formação e experiência sólida, poderá realizar uma cirurgia de maneira excelente”, explica.

Câncer de ovário e a carcinomatose peritoneal


O câncer de ovário apresenta uma grande possibilidade de evoluir para a carcinomatose peritoneal, que é a disseminação do câncer pela cavidade abdominal. Ou seja, a doença sai de seu órgão de origem, neste caso o ovário, e se espalha pelo peritônio (membrana de revestimento interno do abdome) e órgãos internos.


No entanto, a origem da carcinomatose peritoneal nas mulheres, embora menos frequente, pode estar em outros órgãos, como o próprio peritônio ou o intestino.


“Pelo fato do câncer de ovário ser uma das origens mais comuns da carcinomatose peritoneal nas mulheres, muitas vezes elas acabam sendo tratadas como câncer de ovário, mesmo quando o caso era de câncer de intestino, câncer de pâncreas, câncer de estômago ou mesotelioma. Este tipo de equívoco não deve acontecer, sob o risco de prejudicar o tratamento e reduzir as chances de cura daquela paciente”, finaliza.

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